2

Teatrinho-- A primavera da lagarta

Grande comício na floresta, bem no meio da clareira debaixo da bananeira.
. Dona formiga convocou a reunião:
(Formiga) – Isso não pode continuar!
(Camaleão) – Não pode não! Apoiava o camaleão.
(Formiga) – É um desaforo. A formiga gritava.
(Camaleão )- É mesmo! O camaleão concordava.
. A joaninha que vinha chegando naquele instante, perguntava;
(Joaninha) – Qual é o desaforo, heim?
(Formiga) – É um desaforo o que a lagarta faz!
(Louva – a - deus) – Come tudo que é folha! Reclamava o louva – a – deus.
(Formiga) – Não há comida que chegue!
. A lagartixa não concordava.
(Lagartixa) – Por isso não, que as senhoras formigas também comem!
(Camaleão) – É isso mesmo! Apoiou o camaleaõ que vivia mudando de opinião.
(Formiga) – É muito diferente! Depois a lagarta é uma grande preguiçosa, vive lagarteando por aí.
(Camaleão) – Vai ver que a lagartixa é parente da lagarta! Disse o camaleão que já tinha mudado de opinião.
(Lagartixa) – Parente não! Falou a lagartixa. – É só uma coincidência nome!
(Formiga) – Então não se meta!
(Gafanhoto) – Abaixo a lagarta! Disse o gafanhoto. – Vamos acabar com ela!
(Libélula) – Vamos sim! Disse a libélula. Ela é muito feia!
. O senhor caracol ainda quis fazer um discurso.
(Sr caracol) – Hum...é...minhas senhoras e meus senhores! Como é para o bem geral e para a felicidade nacional, em meu nome e em nome de todo mundo interessado...como diria o conselheiro Furtado, quero deixar consignado que está tudo errado!
. Mas como o caracol era muito enrolado, ninguém prestava atenção no coitado.
. Já estavam todos se preparando para caçar a lagarta.
(Aranha) – Abaixo a feiúra! . Gritava a aranha, como se ela fosse muito bonita!
(Louva – a – deus) – Morra a comilona! . Exclamava o louva –a – deus, como se ele não fosse um comilão também.
(Cigarra) – Vamos acabar com a preguiça! . Berrava a cigarra, esquecendo de sua boa fama.
. E lá se foram eles, cantando e marchando:
(Todos) – Um, dois, feijão com arroz...Três, quatro, feijão no prato...
. Mas... a primavera havia chegado. Por toda a parte havia flores na floresta. Até parecia festa...Os passarinhos cantavam. E as borboletas! Quantas borboletas! De todas as cores, de todos os tamanhos, borboleteavam pela mata. E os caçadores procuravam pela lagarta.
(Todos) – Um, dois, feijão com arroz...E perguntavam às borboletas que passavam:
- Vocês viram a lagarta que morava na amoreira?
- Aquela preguiçosa, comilona, horrorosa?
. As borboletas riam riam...Iam passando e nem respondiam!
. Até que veio chegando uma linda borboleta.(Borboleta) - Estão procurando a lagarta da amoreira?
- (Todos) – Estamos sim! Aquela horrorosa,! Comilona!
. E a borboleta bateu as asas bateu as asas e falou:
(Borboleta) – Pois sou eu.
(Todos) – Não é possível, não pode ser verdade! Você é tão linda!
. E a borboleta sorrindo, explicou:
(Borboleta) – Toda lagarta tem seu dia de borboleta. É só esperar pela primavera!
Não é possível, só acredito vendo!
(Borboleta) - Venha ver! Isso acontece com todas as lagartas. Eu tenho uma irmã que está acabando de virar borboleta.
. E todos correram prá ver! E ficaram quietinhos espiando.
. E a lagarta foi se transformando, foi se transformando até que de dentro do casulo nasceu uma borboleta.
. Os inimigos da lagarta ficaram admirados!
- É um milagre!
(Camaleão) – Bem que eu falei! Disse o camaleão que já havia mudado de opinião.
. E a borboleta falou:
(Borboleta) – É preciso ter paciência com as lagartas, se quisermos conhecer as borboletas.

(Retirado do CD “Mil pássaros” Produzido por: Sandra Peres e Paulo Tatit,, narrado pela própria autora da história: Ruth Rocha)


2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...